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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O Turista convencional e o turista de experiência na cidade do Rio


Por Thatiana Amaral 

O turista, por si só, é um personagem que se destaca nas paisagens por onde passa. Muitas vezes pode ser identificado pelas roupas que veste, um bronzeado diferente, ou um olhar curioso que logo o denuncia. Na cidade do Rio de Janeiro, os viajantes nacionais e estrangeiros que ali desembarcam com motivações turísticas possuem características bastante semelhantes.

De acordo com dados do Centro de Pesquisas e Estudos Aplicados ao Turismo da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Cepetur), durante a alta temporada de 2014-2015, os turistas nacionais e estrangeiros eram, sobretudo, homens (58,4% e 64,9%), solteiros (54% e 60,8%) e com nível superior (57% e 71,1%). A faixa etária destes grupos se distingue um pouco. Os turistas nacionais, em sua maioria, possuíam entre 18 a 31 anos (54,6%), enquanto que os estrangeiros eram mais velhos, com 25 a 40 anos (53,3%). Ainda segundo informações deste centro de pesquisas, a demanda nacional tinha como origem, especialmente, os estados de São Paulo (25,1%), Minas Gerais (13,7%) Rio Grande do Sul (9%) e Brasília (6,3%) de um total de 6,4 milhões de pessoas. Enquanto que Argentina, Estados Unidos e França foram as nacionalidades mais recorrentes entre os 2,9 milhões de estrangeiros que chegaram na cidade em 2015.

Dentre os diversos perfis que esses turistas podem ter, dois se distinguem por seus aspectos complementares e, por sua vez, antagônicos: o turista convencional e o turista de experiência. O turista convencional (ou de massas), em geral, visa os destinos turísticos que todo mundo quer e acompanha o deslocamento de um grande volume de pessoas na mesma época do ano. Desta forma, elabora roteiros bem definidos, pesquisa na internet o check list de atrativos de uma região e contrata pacotes pré-determinados. Enquanto que o segundo perfil surge como uma nova categoria de visitantes que visam experiências completamente diferenciadas do seu dia a dia. Para isso, demandam roteiros personalizados que atendam seus desejos e preferências. Mais do que conhecer, buscam viver o local de destino, enfocando as peculiaridades da cultura regional. Por isso, o seu roteiro é espontâneo e se redefine a cada oportunidade de vivenciar uma nova experiência.

Voltando ao exemplo da Cidade Maravilhosa, a orla carioca é o local mais visitado por turistas brasileiros e estrangeiros (27,3% e 24,3%) de acordo com Rio Cepetur . O viajante com o perfil convencional pode iniciar o seu passeio com um delicioso café da manhã na Confeitaria Colombo do Forte de Copacabana. Em seguida, desfruta os 34 km de extensão de praias, entre o Leme e o Pontal. E no final da tarde, cumprimenta o pôr do sol do Arpoador com aplausos, porque todo espetáculo deve ser reconhecido. O turista de experiência, em oposição, usufrui tudo o quê o espaço da praia pode oferecer. Assim, logo que chega a praia, estende uma canga na areia e pede um biscoito globo com mate. Além disso, experimenta alguns dos esportes disponíveis no ambiente praiano: bicicleta pela ciclovia, corrida, vôlei de praia, frescobol, futevôlei, surf, stand up peaddle, kit surf, voo livre ou canoa polinésica.

Outros pontos de interesse convencionais na cidade são os cartões postais mundialmente conhecidos: Cristo Redentor (23,2% e 24,2%) e Pão de Açúcar (17,4% e 19,1%). Estes dois atrativos juntos receberam mais de 3.750.000 visitas no ano de 2015 (Rio Cepetur). O turista de experiência, por outro lado, não quer ser apenas mais um em meio desta multidão e busca roteiros diferenciados. Dentre este tipo de passeio, o Sebrae (2014) destaca o potencial do tour pelas favelas carioca. A cidade do Rio possui 763 favelas com uma população de quase 1.400.000 pessoas, segundo o último Censo do IBGE. O turista interessado neste tipo de passeio tem como alternativa a trilha do Morro dos Dois Irmão, no Vidigal, seguida de uma feijoada no Bar da Laje ou uma peixoada no Bar Lacubaco. Outro roteiro bastante acessível é a visita a Laje onde Mickael Jackson gravou cenas do clipe “They Don’t Care About Us” em 1996, no Morro Dona Marta.

A lapa é destacada pelo Rio Cepetur como um atrativo de interesse na cidade para viajantes nacionais (11,6%) e estrangeiros (13%). Estes têm como opção para o “By Night” as inúmeras casas noturnas da região, entre elas, o Rio Scenarium, Carioca da Gema ou Lapa 40o. Em oposição, o turista de experiência procura manifestações culturais autênticas, como a roda de samba na Pedra do Sal toda segunda e sexta-feira. Ou também apresentações de jongo, coco e maracatu no Trapiche Gamboa as quintas-feiras.

O turista convencional também experimenta os pratos típicos locais: feijoada, caipirinha, tapioca, baião de dois, queijo minas, carne-seca, moqueca, entre outras iguarias. Já o turista de experiência se matricula em um curso de culinária para levar ao seu local de origem o saber fazer um desses pratos.

Ambos perfis não são excludentes, uma vez que o turista pode transitar entre eles de acordo com os seus gostos, poder aquisitivo e disponibilidade de tempo. Contudo, não podemos ignorar o impacto social diferenciado destas duas formas de se conhecer uma região. O turismo de massa contribui pouco para o desenvolvimento local já que seus recursos são direcionados a grandes complexos hoteleiros, redes de restaurantes ou agências de viagens. Portanto, mais do que ser uma fonte de lazer, o turismo de experiência fomenta o crescimento local, gerando renda para as comunidades tradicionais afastadas dos pontos turísticos de visitação massiva.



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