Por Thatiana Amaral
O
turista, por si só, é um personagem que se destaca nas paisagens por
onde passa. Muitas vezes pode ser identificado pelas roupas que veste,
um bronzeado diferente, ou um olhar curioso que logo o denuncia. Na
cidade do Rio de Janeiro, os viajantes nacionais e estrangeiros que ali
desembarcam com motivações turísticas possuem características bastante
semelhantes.
De
acordo com dados do Centro de Pesquisas e Estudos Aplicados ao Turismo
da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Cepetur), durante a alta temporada de
2014-2015, os turistas nacionais e estrangeiros eram, sobretudo, homens
(58,4% e 64,9%), solteiros (54% e 60,8%) e com nível superior (57% e
71,1%). A faixa etária destes grupos se distingue um pouco. Os turistas
nacionais, em sua maioria, possuíam entre 18 a 31 anos (54,6%), enquanto
que os estrangeiros eram mais velhos, com 25 a 40 anos (53,3%). Ainda
segundo informações deste centro de pesquisas, a demanda nacional tinha
como origem, especialmente, os estados de São Paulo (25,1%), Minas
Gerais (13,7%) Rio Grande do Sul (9%) e Brasília (6,3%) de um total de
6,4 milhões de pessoas. Enquanto que Argentina, Estados Unidos e França
foram as nacionalidades mais recorrentes entre os 2,9 milhões de
estrangeiros que chegaram na cidade em 2015.
Dentre
os diversos perfis que esses turistas podem ter, dois se distinguem por
seus aspectos complementares e, por sua vez, antagônicos: o turista
convencional e o turista de experiência. O turista convencional (ou de
massas), em geral, visa os destinos turísticos que todo mundo quer e
acompanha o deslocamento de um grande volume de pessoas na mesma época
do ano. Desta forma, elabora roteiros bem definidos, pesquisa na
internet o check list de atrativos de uma região e contrata pacotes
pré-determinados. Enquanto que o segundo perfil surge como uma nova
categoria de visitantes que visam experiências completamente
diferenciadas do seu dia a dia. Para isso, demandam roteiros
personalizados que atendam seus desejos e preferências. Mais do que
conhecer, buscam viver o local de destino, enfocando as peculiaridades
da cultura regional. Por isso, o seu roteiro é espontâneo e se redefine a
cada oportunidade de vivenciar uma nova experiência.
Voltando
ao exemplo da Cidade Maravilhosa, a orla carioca é o local mais
visitado por turistas brasileiros e estrangeiros (27,3% e 24,3%) de
acordo com Rio Cepetur . O viajante com o perfil convencional pode
iniciar o seu passeio com um delicioso café da manhã na Confeitaria
Colombo do Forte de Copacabana. Em seguida, desfruta os 34 km de
extensão de praias, entre o Leme e o Pontal. E no final da tarde,
cumprimenta o pôr do sol do Arpoador com aplausos, porque todo
espetáculo deve ser reconhecido. O turista de experiência, em oposição,
usufrui tudo o quê o espaço da praia pode oferecer. Assim, logo que
chega a praia, estende uma canga na areia e pede um biscoito globo com
mate. Além disso, experimenta alguns dos esportes disponíveis no
ambiente praiano: bicicleta pela ciclovia, corrida, vôlei de praia,
frescobol, futevôlei, surf, stand up peaddle, kit surf, voo livre ou
canoa polinésica.
Outros
pontos de interesse convencionais na cidade são os cartões postais
mundialmente conhecidos: Cristo Redentor (23,2% e 24,2%) e Pão de Açúcar
(17,4% e 19,1%). Estes dois atrativos juntos receberam mais de
3.750.000 visitas no ano de 2015 (Rio Cepetur). O turista de
experiência, por outro lado, não quer ser apenas mais um em meio desta
multidão e busca roteiros diferenciados. Dentre este tipo de passeio, o
Sebrae (2014) destaca o potencial do tour pelas favelas carioca. A
cidade do Rio possui 763 favelas com uma população de quase 1.400.000
pessoas, segundo o último Censo do IBGE. O turista interessado neste
tipo de passeio tem como alternativa a trilha do Morro dos Dois Irmão,
no Vidigal, seguida de uma feijoada no Bar da Laje ou uma peixoada no
Bar Lacubaco. Outro roteiro bastante acessível é a visita a Laje onde
Mickael Jackson gravou cenas do clipe “They Don’t Care About Us” em
1996, no Morro Dona Marta.
A
lapa é destacada pelo Rio Cepetur como um atrativo de interesse na
cidade para viajantes nacionais (11,6%) e estrangeiros (13%). Estes têm
como opção para o “By Night” as inúmeras casas noturnas da região, entre
elas, o Rio Scenarium, Carioca da Gema ou Lapa 40o. Em
oposição, o turista de experiência procura manifestações culturais
autênticas, como a roda de samba na Pedra do Sal toda segunda e
sexta-feira. Ou também apresentações de jongo, coco e maracatu no
Trapiche Gamboa as quintas-feiras.
O
turista convencional também experimenta os pratos típicos locais:
feijoada, caipirinha, tapioca, baião de dois, queijo minas, carne-seca,
moqueca, entre outras iguarias. Já o turista de experiência se matricula
em um curso de culinária para levar ao seu local de origem o saber
fazer um desses pratos.
Ambos
perfis não são excludentes, uma vez que o turista pode transitar entre
eles de acordo com os seus gostos, poder aquisitivo e disponibilidade de
tempo. Contudo, não podemos ignorar o impacto social diferenciado
destas duas formas de se conhecer uma região. O turismo de massa
contribui pouco para o desenvolvimento local já que seus recursos são
direcionados a grandes complexos hoteleiros, redes de restaurantes ou
agências de viagens. Portanto, mais do que ser uma fonte de lazer, o
turismo de experiência fomenta o crescimento local, gerando renda para
as comunidades tradicionais afastadas dos pontos turísticos de visitação
massiva.
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