Por Thatiana Amaral
Uma igreja católica cujo projeto
arquitetônico inspirou-se no templo Maia de Chichén Itza, na Península
de Yucatán, no México. A Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio
de Janeiro é umas das preciosidades do patrimônio histórico-cultural
fluminense que se encontra disponível para visitação no centro do Rio de
Janeiro.
Thatiana Amaral
O templo começou a ser
construído na década de 1960 para atender uma demanda de quase 300 anos.
Embora a Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro tenha sido criada
em 1676 pela bula do Papa Inocêncio XI, a cidade não possuía uma
catedral própria. Neste período, foram adotados espaços emprestados: a
capela construída pelo governador Salvador de Sá no Morro do Castelo; a
irmandade de Santa Cruz dos Militares (1734-1737); a irmandade de Nossa
Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (1737 - 1808); e a
paróquia de Nossa Senhora do Carmo (1808-1964).
O projeto de estrutura
cônica foi elaborado pelo arquiteto Edgar Fonceca a partir das idéias
concebidas pelo Cardeal Câmara e discutidas com o executor das obras,
Monsenhor Ivo Antonio Calliari. Em 20 de janeiro de 1964, as construções
se iniciaram com a benção da pedra fundamental pelo Arcebispo do Rio de
Janeiro, Cardeal D. Jaime Barros Câmara. Oito anos depois, o Cardeal D.
Eugênio Sales celebrou a primeira missa nessas dependências durante as
comemorações do natal. Contudo, a inauguração oficial somente aconteceu
no final da década de 1970 com a sagração do Altar-Mor.
Thatiana Amaral
O templo possui 75 metros
de altura e 106 metros de diâmetro. A área total de 8 mil metros
quadrados abriga cerca de 20 mil pessoas em pé e 5 mil sentadas. As
grandes dimensões do edifício podem ser observadas logo na entrada. O
portal principal mede 18 metros de altura, no qual estão dispostas 48
placas de bronze em baixo-relevo que representam “o credo do povo de
Deus”.
O
simbolismo religioso está presente em muitos ornamentos da construção.
No seu interior há quatro vitrais (64,50 x 17,80 x 9,60 metros cada) que
conferem uma iluminação mística ao interior da igreja de acordo com a
posição do sol. Os mesmos têm como tema as características da igreja católica: una -
uma só igreja , liderada por Jesus Cristo, o Bom Pastor (vitral verde);
Santa - um só Deus, o Santo dos santos (vitral vermelho); Católica -
uma só missão de anunciar o Evangelho para todo o mundo (vitral azul); e
Apostólica - uma só doutrina transmitida pelos apóstolos (vitral
amarelo).
Alguns metros acima do
Altar-Mor, encontra-se uma cruz, sustentada por seis cabos de aço em
formato de um terço. O peso desta cruz não se sabe ao certo, mas há quem
diga que estes cabos sustentam todos os pecados do mundo. Esta obra é
de autoria do escultor Humberto Cozzo, assim como as imagens da Virgem
Maria e de São João Evangelista em suas laterais.
Cozzo possui outras obras
no interior do templo. Entre elas, os quadros localizados nas
proximidades no altar de São José e de Nossa Senhora. Os dois primeiros,
evocam a benção da primeira pedra da catedral, em 1964, e a última
procissão do padres capuchinos morro do Castelo, em 1922. Já os quadros
presentes no altar de Nossa Senhora representam o marco da fundação da
cidade pelo Capitão-Mor Estácio de Sá, em 1o
de março de 1565, e a batalha entre portugueses e franceses, em 1566.
Conta a tradição que os portugueses, mesmo em número reduzido, ganharam o
conflito contra pelo menos 3 mil tamoios devido a aparição de uma
imagem de São Sebastião no céu durante o combate.
Também se localiza nesse espaço um museu Arquidiocesano de Arte Sacra com mais de 5 mil peças registradas. Entre elas, há alguns destaques,
como por exemplo: a fonte utilizada para batizar os príncipes da
família real; O trono de D. Pedro II; e a rosa de ouro concedida pelo
Papa Leão XII à princesa Isabel pela assinatura da abolição da
escravatura no Brasil.
Outras
raridades encontradas no interior da catedral são as imagens situadas
nos nichos da Capela do Santíssimo. A estátua peregrina de São Sebastião
é uma cópia em resina, feita pelo artista plástico Weissmar Robertson,
da imagem trazida por Estácio de Sá na ocasião da fundação da cidade, em
1565. Por outro lado, a representação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi doada pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Raimundo Damasceno.
Próximo ao Museu de Arte Sacra, situa-se o “Portal da Saudade” com cerca de 25 mil ossuários. Para garantir o seu pedacinho no templo sagrado é necessário desembolsar de 5 a 10 mil reais. Mas os que ali se encontram recebem, toda segunda-feira, uma missa celebrada para o sufrágio de suas almas.
A Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro está localizada na Avenida Chile, no
245, no Centro do Rio de Janeiro. O templo está aberto ao público de
segunda a domingo, das 7h às 17h. Os interessados podem assistir as
missas aos domingo às 10h no Altar-Mor, segunda às 12h na Capela das
Almas e de terça a sábado às 12h na capela JMJ. Também está disponível
para visitação o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra (entrada R$ 5,00)
nos seguintes horários: quarta de 9h às 12h e das 13h às 16h; e Sábado e
Domingo das 9h às 12h.
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